Nas duas últimas semanas fui ao abismo e voltei. O que, em língua portuguesa, é expressão idiomática para dizer: nas últimas duas semanas nadei com tubarões e burocratas nas repartições de Portugal. É belo e poético. É mesmo uma bela experiência. Ai, como eu adoro burocracia.
A semana passada até correu bem. Burocraticamente falando, claro. Andei em centros de saúde, exames médicos e repartições de finanças, o que até já demorou mais tempo. Acredite-se ou não, ir às Finanças, quando estas têm ar condicionado e tectos altos, é um pouco como a salada ou os aperitivos da burocracia: custa, dizem que «tem de ser», mas não chega a encher. Perder menos de 30 minutos numa repartição? Caras leitores e caros leitores, em Portugal... isso é obra.
Mas, se eu estava despachado do Estado, o Estado, esse, não estava satisfeito comigo ainda. Tal como Michael Corleone em The Godfather III: «Just when I thought I was out... they pull me back in!». E puxaram-me. Semana nova, vida nova: centro de emprego, Segurança Social, Loja do Cidadão, etc, etc, etc. Para dizer a verdade, penso que corri todos os capítulos do Processo do Kafka. Com direito à mal-disposição do Joseph e tudo.
Resultado: declarações que dizem o óbvio - nada; dores nas pernas; irritabilidade superior ao normal (a minha úlcera já chora); um acréscimo de ódio pelo Estado central.
Por fim, uma última dúvida: se o Estado central se chama «central», porque é que os serviços não estão mais centralizados ou em contacto entre si e eu é que tenho de andar a fazer de correiozinho entre as várias repartições? Fica a pergunta.
Agora é aguardar. Seguinte!
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