29/09/10

Mili Vanilli



Sempre achei David Miliband o tipo mais perigoso da pandilha do Labour - ou «New Labour», para os optimistas à esquerda, que esperam melhores dias. Mais perigoso porque combinava um pacote ideológico bem fofo - do progressismo obsoleto à histeria climática, passando pela natural tendência para centralizar e burocratizar a sociedade - com uma atitude de «delfim», ou seja, de um vencedor maquiavélico em quem, a não ser que se seja cego, todos viam o natural sucessor da era Blair/Brown.

Mas o que me choca, nestas semanas recentes, é que, fruto da minha ignorância e pouca atenção dedicada à ontogénese dos trabalhistas, só agora fiquei a saber que, para meu enorme regozijo, não tenho apenas um Miliband para detestar, mas dois. Dois Miliband. Um David e um Ed. Que sorte grande para o Reino Unido, com duas personagens daquele calibre.

Resta saber se o irmão Ed se aproxima ideologicamente ainda mais do pai de ambos, um antigo teórico marxista. Se o fizer, e tendo em conta o que já se sabe de David Miliband, Cameron tem uma verdadeira cruzada nos próximos anos. Uma guerra justa do «Bem» contra o «Mal», Conservadores contra Trabalhistas. Um antagonismo que, quero eu pensar, qualquer pessoa sã também reconhecerá.

Plans for tonight

28/09/10

Bureaucracy in America


A minha vida, nos últimos dias, tem mais ou menos este aspecto.

24/09/10

Como perder a liberdade em 15 cliques de rato



Anda agora, para aí, uma grande celeuma com os «perigos da internet». Essa histeria já vinha de muito antes, é claro, provavelmente até desde a primeira vez que alguém teve a ideia de criar uma qualquer rede que permitisse contacto rápido entre pessoas sem necessidade da presença física de cada uma delas. E piorou, certamente, quando virtualmente toda a gente - sem barreiras de idade - começou a poder aceder a ela. Mas desta vez a discussão bateu, provavelmente, no ponto limite.

Da monitorização da actividade alheia e do «controlo parental» (uma forma assustadora de dizer aos próprios filhos que os consideramos atrasados mentais) - assente numa falsa crença de que há um controlo ideal da vida da nossa prole e que desse controlo resulta um ser capaz de decidir sempre racional e razoavelmente - passou-se para um estado de alerta face à pirataria, aos vírus e, de uma forma que tem mais de hipotético do que de real, à «ameaça terrorista» da internet.

É certo que o terrorismo adapta-se a todos os meios possíveis para agir. Mais até do que os meios, o terrorismo foca-se em todas as vulnerabilidades do seu inimigo: no caso, será a «sociedade ocidental» ou o «mundo moderno e desenvolvido». E não há maior vulnerabilidade do que as grandes fontes das quais enormes fatias da sociedade dependem: petróleo, água, electricidade... internet.

Mas de uma posição de desconfiança e prevenção, passou-se a um estado de completa absorção da liberdade de acção pela «monitorização», pelo «policiamento» da web. Ou seja, é, como sempre, a ideia de que se algo é usado muito intensamente, tem de ser filtrado 24 horas por dia por uma qualquer autoridade governamental sem cara e, muitas vezes, sem nome. Dos anti-vírus no computador passamos, quase sem querer, a ter de assinar, de forma não voluntária, um contrato vitalício com autoridades que sabem o que é melhor para nós e que, mais grave ainda, acham que sabem quando cada indivíduo não está a cumprir o seu papel de bom cidadão enquanto navega na internet. Como sempre, em poucos anos, passou-se da ideia nova e livre para a absorção pelos grandes grupos empresariais (que passaram a depender da web para funcionar), e destes para a absorção pelos governos (que passam a policiar a net por nós, free of charge).

Tal como aconteceu nos aeroportos, a ameça veio, ainda que real, e a segurança deu uma resposta agressiva, blindando virtualmente os transportes aéreos a qualquer ataque terrorista. O mesmo aconteceu agora na internet. Mas, tal como nos aviões, a ameaça desaparece, enquanto a «resposta agressiva», essa, tão cedo não desaparecerá.

Trabalho de sofá

13/09/10

Um velhote num café





Este histerismo em redor de um pastor anónimo - que agora, por milagre, deixou de ser anónimo -, chamado Terry Jones, que quer queimar o Corão faz-me lembrar uma história.

Uma vez conheci um velhote, num café de Lisboa, que me resgatou da leitura auto-impingida de tratados nucleares de filosofia política. De Oakeshott, Marx ou qualquer outro dinossauro da arte de dissecar as falácias de ideologias alheias, passei para outro seminário. Sem intervalo. Nem chichi nem café. Nada. Apenas uma profunda inspiração de ar e um salto valente para a justamente esperada (e merecida) estocada de tédio.

O senhor, então, discorreu sobre um pouco de tudo: o 25 de Abril; a (então fresca) saída de Durão Barroso para a Comissão Europeia; a guerra colonial; a África perdida; os pretos; a África mal-tratada pelos brancos; a África que, afinal era isto que pensava, apesar de tudo estava melhor sob domínio europeu; o desemprego; os impostos; o ataque cardíaco que o senhor sofreu há poucos anos; o colestrol alto; o que eu tinha no prato; o que estava a beber; o alto teor calórico dos hamburgers; «esta malta nova»; a sua «gente mais velha»; etc.; etc.; etc.. Em suma, perdi uma tarde e roguei pragas a todo o mundo. E com razão. Não serviu para nada. Não aprendi nada. Não fiz do mundo um lugar melhor para viver.

Com as horas, no entanto - depois de sair do café -, fui percebendo que, no fundo, a culpa daquela seca monumental era inteiramente minha. A responsabilidade de dar atenção a um velhote simpático era exclusivamente do vosso bloguista e, mais importante, a vontade de passar por aquela seca também foi minha. O aborrecimento masoquista de ler tratados filosóficos de 600 páginas obrigou-me a procurar um contacto humano incipiente e sem qualquer objectivo. Algo que me distraísse, no fundo, das obrigações. Do tédio. Um mar de tédio por um rio de tédio. Um reino por um cavalo. Um livro por uma pessoa. A rotina por uma rotina alheia, diferente.

O que é que isto tem a ver com Terry Jones e a reputada queima do Corão? Nada. Mas, vendo bem, o que é que o pastor e a sua ideia banal tem a ver com a «luta de civilizações»? Também nada. É um tipo lúcido, mas com graves défices de atenção. Um não-tão-jovem pastor evangélico que, um dia, se sentiu demasiado grande para uma pequena cidade do interior. Precisou de atenção mediática para o seu número de circo. O mundo, aborrecido com a crise mas com os nervos à flor da pele pela aproximação da data fatídica do 11 de Setembro, fez-lhe a vontade.

Resta saber se, em caso de não ter havido extrapolação pela comunicação social, a ideia de Terry Jones (não o dos Monty Python) teria sido mais do que uma memória gira de um velhote num qualquer diner na América profunda a procurar atenção e um ouvido atento para as suas deambulações. «Sabe que um dia quis enfrentar todo o Islão, sozinho e com meia dúzia de fiéis?». Agora, com rios de tinta e de dinheiro gastos em torno de um grande nada, nunca saberemos.

12/09/10

Sonic the Hedgehog, a conservative hero


O João prefere o Super Mario ao Sonic the Hedgehog. Uma razão simples o anima: o ódio ao burguês. Como ele diz, o Mario, é uma figura «humilde», da «classe operária» e, claro, «trabalhador[a]» – corrijo, «muito trabalhador[a]»; o Sonic, por outro lado, não passa de um «convencido» e «vaidoso» que luta contra inimigos «iguais a ele mesmo» assim como – suprema ofensa! – contra «gordos» (que o inimigo maior de Mario seja uma tartaruga anafada com um fetiche estranho por uma princesa, parece, não o impressiona).

É claro que isto é ver pouco. É ver nada. Como, aliás, na ideologia estreita se é pródigo. Porque só existem dois mundos: o da «humildade» e o da «vaidade». O primeiro assenta num desejo desinteressado, o segundo, calculo, numa velhaquice interesseira. Mario faz parte do primeiro; Sonic, claro, do segundo.

A análise não passa no teste. No teste? No teste. E o teste é simples. Ignore-se o larvar ódio ao burguês e faça-se o esforço de ver as coisas como são. Primeiro, não existe tal coisa como desejo desinteressado. Segundo, mesmo que existisse, salvar uma princesa para acalentar a luxúria não é exactamente o melhor exemplo de tão nobres sentimentos. Porque Mario não procura a «vida simples» de uma «classe trabalhadora». Procura, isso sim, a ascensão social por via do casamento. Para Mario, ser herói tem uma função primária: salvar a rapariga (que, por acaso, por mero acaso, é uma princesa), para que assim ele próprio se possa salvar da sua própria condição «trabalhadora». Mario, um «conservador»? Duvidoso, duvidoso.

Sonic é diferente. Porque Sonic é honesto. O sonho do ouriço? Recostar-se numa árvore e observar os dias a passarem. Sem pretensões. Sem ambições. Sem preocupações. Mas com atitude. Com orgulho. Com vaidade. Infelizmente, sonho simples é sonho impossível, e logo surgem um conjunto de inimigos (com dr. Eggman à cabeça) que visam escravizar as criaturas livres do bosque. Por isso Sonic luta. Mas luta com um objectivo simples: que o deixem em paz, de modo viver a vida como ele muito bem ambiciona: num perpétuo ócio de quem nada exige nem nada deve.

Mas num ponto o João tem razão. Sonic batalha, não raras vezes, contra inimigos «semelhantes» a ele. E porquê? Porque é essa a suprema metáfora do seu heroísmo. Porque, na verdade, não há maior inimigo que nós mesmos. E sairmos vitoriosos perante essa realidade implica obrigatoriamente que nos superemos, ainda que imaginemos que tal não é possível. Ou, exactamente porque imaginamos que tal não é possível. Afinal Sonic é humano. Talvez até demasiado humano.

Como Burke uma vez afirmou, para que o mal prevaleça basta que bons homens nada façam. Uma luta desinteressada? Nem lá perto. Sonic luta pelos outros porque sabe que, no fundo, a luta deles é a sua luta. Porque, no fundo, ele compreende que a luta pela liberdade de um é a luta pela liberdade de todos. E o herói «conservador», afinal, nunca foi outro.

10/09/10

Trabalho de sofá

09/09/10

Super Mario, working class hero




Grassa a ignorância na juventude portuguesa. Sobretudo naquela que já não é juventude coisa nenhuma, ou seja, os nascidos na aurora dos anos 80. Nasceram no meio das lantejoulas, das calças justas de cabedal, dos cabelos aparados com a mesma excentricidade que se aplica às sebes do Palácio de Versailles, do Vanilla Ice, dos yuppies que aceleravam avenida fora nos seus carros descapotáveis. Ou seja, tinham os piores valores do mundo: velocidade, pseudo-estilo, cabelos ridículos, e má escolha de roupa (quando a havia).

E é essa massa ignara que cresceu a admirar... o Sonic, the Hedgehog. Sobretudo, preferindo-o ao Super Mario. Sonic é um bicho convencido, vaidoso, com cabelo e velocímetro descontrolados tal como qualquer yuppie dos anos 80. Luta contra os gordos e sofre do pecado da hubris, crente na sua capacidade para vencer tudo e todos que se cruzem à sua frente. Não será por acaso que os seus maiores inimigos sejam, na verdade, iguais a ele mesmo.

Agora vejamos o Super Mario. Italiano humilde e da classe operária, Mario é um tipo de meio idade patusco e anafado, bonacheirão e descuidado com o seu aspecto. Mas trabalhador. Muito trabalhador. Tanto que nunca tem tempo de chegar a casa e mudar de roupa, partindo assim para a aventura de forma frugal, com a roupa que traz no corpo do local de trabalho. O bigode é farto e desinteressado, com ar de não ver uma tesoura há várias semanas. A sua missão na vida? Arranjar canos e sanitas. Sem vaidade. E fá-lo sem pedir honras, sem medo de lhe caírem «os parentes na lama». Os seus aliados? Outro canalizador, seu irmão. Não há mais aliados. Não tem exército, para além de um dinossauro (que, para ser franco, não sei de onde saiu).

E, desinteressadamente, sem vontade de salvar o mundo, parte para aventuras que lhe podem custar a vida. O objectivo? Salvar uma princesa, que, não por acaso, é objecto do seu amor.

Haverá algo mais profundo, desinteressado e conservador do que isto? Penso que não. Super Mario é uma ode à humildade e, simultaneamente, à nostalgia da vida simples. E quem se perde de amores por bichos azuis, que fazem do show off o seu objectivo de vida, nunca poderá perceber isto. Nem porque é que um jogo tão simplório como o Super Mario Bros pode ser tão viciante.

Como vestir uma camisola


Marcelo Rebelo de Sousa, a mais adorada banalidade da pátria, foi, na semana que passou, à Universidade de Verão do PSD instruir uma juventude triste e sem imaginação acerca dos méritos da social-democracia. Não duvido que a palestra, que, como é hábito do professor, não deverá ter excedido um conjunto de lugares comuns, tenha impressionado os alunos, a crème de la crème jovem do partido.

Admito que, a mim, pelo menos, impressionou. E em especial impressionou os argumentos levantados pelo professor sobre a necessidade de eleger um social-democrata para Belém. Afinal, e como bem afirma Rebelo de Sousa, ou se acredita na social-democracia ou não se acredita. Se sim, então, faz todo o sentido que se coloque um da mesma tropa lá no sítio. E isto, claro, quer se «goste muito ou pouco» da figura, quer se «goste muito ou pouco» do estilo, do sorriso ou, no fundo, calculo, das ideias. O candidato é Cavaco? Por sorte. Aparentemente até podia ser outro. Fundamental é que a figura tenha no bolso o cartão que garanta que este faz parte do grupo certo. O que faz sentido. Afinal, o que é que existirá na social-democracia para ser alvo de crença não terá passado de uma discussão que, naquele dia, nunca, na verdade, terá sido importante. Como, aliás, nunca ninguém duvidou.

07/09/10

Mesa de cabeceira

Teoria da relatividade do trágico



Fico sempre estupefacto com o sentido do trágico demonstrado pelos nossos jornalistas. As notícias são sempre «de última hora», com «trágicos» eventos e «chocantes» contornos. Invariavelmente, desaconselham-se as imagens aos «espectadores mais sensíveis». Mas até nos casos em que (TVI à cabeça) não é possível mostrar corpos decepados ou poças de sangue ainda por secar, os jornalistas do burgo dão o seu melhor por sangrar a ferida.

Só assim se explica que, para um jornalista do Expresso, a selecção esteja «a viver um dos momentos mais conturbados da sua história». Aqui são reveladas duas coisas importantíssimas, à qual acrescentava, ainda, uma terceira. Primeiro, como já bem demonstrado com mais de quarenta anos de televisão, os jornalistas têm mais arte para a tragédia do que Sófocles; segundo, o jornalista percebe pouco de desporto e ainda menos da selecção, inconsciente do facto de entre Eusébio e Luís Figo não termos tido selecção mas sim um bando variável de medíocres que, durante vinte e tal anos, fingiam que jogavam à bola (posso garantir que vi o Secretário e o João Manuel Pinto serem convocados para a selecção); em terceiro, e talvez mais grave, demonstra pouco estudo (no caso, desportivo) na área dos «momentos mais conturbados» da história da Federação Portuguesa de Futebol.

O jornalista, assim como o leitor menos informado, que tenha, sobre os seus ombros, uma tradição tão bela e bucólica como o regresso às raízes dos nossos dignos atletas no Mundial do México em 1986, não pode dar grande importância a um típico caso em que o patrão quer forçar o empregado a sair pelo seu próprio pé, para não lhe pagar indemnização. No caso, Madaíl força Queiroz.

É que os tempos modernos trouxeram outro nível de corrupção. Outra elegância. E até os golpes baixos já me parecem inteligentes e bem feitos. É uma vergonha o que se está a fazer a Queiroz? É. Ele não é o melhor treinador da Europa? De longe. Mas, ainda assim, Queiroz esteve sempre lá, na construção das bases dos melhores anos futebolísticos da selecção e, até, das bases da academia do Sporting. E, quer queiramos quer não, um «momento conturbado» com Queiroz e Madaíl à mistura é sempre bem mais higiénico do que ver o Bandeirinha a tirar trampa do meio dos dedos do pé ou um tomate de Jaime Pacheco a sair do calção. A história de Fernando Couto, mais de dez anos depois, a correr de cuecas atrás de prostitutas fica para outra oportunidade.

06/09/10

O verdadeiro Manual do Pessimismo


O verdadeiro manual do pessimismo, agora em minha casa, e na mesa de cabeceira. Roger Scruton explica porque o mundo vai mal. Desde sempre.

03/09/10

Erasmus

A ler, Joel Neto sobre Erasmus e sobre tudo o que a vida reserva para quem é novo e tem ilusões:

Estou naquela fase da vida em que se começa a ter amigos com filhos à porta da faculdade – e, inevitavelmente, vou-me solidarizando com as suas causas. Para alguns, o dinheiro até nem é problema; para outros, é um suplício. Não importa: de cada vez que vou jantar a casa de um deles, é inevitável que, em algum momento, o rebento pronuncie a palavra “Erasmus”.

(...)

Problema: ao fim de seis meses, o resto do curso já não os seduz assim tanto. Se o curso já estava completo, então é a monografia que nunca mais chega. E, se a monografia já fora entregue, então são as cartas com os currículos que tardam em conhecer o aconchego do marco do correio. Bem vistas as coisas, eles não sabem ainda exactamente aquilo a que querem dedicar-se. Pensavam que queriam ser engenheiros, médicos, advogados, economistas, mas entretanto a sua vocação talvez seja outra – e, ainda por cima, o chamado mercado de trabalho, com os seus ordenados miseráveis, a sua precaridade e as suas promoções por tudo menos pelo mérito, parece-lhes agora uma autêntica palhaçada.

Tenho uma teoria sobre isto: em vez de regressarem e darem de caras com um paízinho triste e sem chama, eles perceberam que os outros países são tão tristes e tão sem chama como o nosso – e, de repente, olham em frente e concluem que o mundo é todo uma merda e que nem sequer emigrando se pode escapar a ela. Não sei: talvez seja outra coisa. Mas isso é o menos: o que importa é que estão deprimidos, que não fazem um esforço – e que, mais dia menos dia, vão usar a expressão “ano sabático”. E o meu grande conforto é que, não tendo filhos agora, na altura em que filho meu chegue à faculdade, já nem sequer haverá Europa, quanto mais Erasmus.

01/09/10

Ray Bradbury


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Do you have a Kindle or an e-reader?

I don't believe in those. They don't smell. A book has got smell. A new book smells great. An old book smells even better. An old book smells like ancient Egypt. A couple years ago some of these book people came to me and they offered me money to put my books on the Internet, and I said to them, "pick up your rears and go to hell!"
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