10/06/10

Bilhetes de Colares

Finalmente, decidi-me por começar a ler os míticos (segundo alguns) Bilhetes de Colares de A.B. Kotter, da autoria não-assumida do José Cutileiro. Devo confessar que há muito tempo que não lia crónicas tão boas. Página a página, Cutileiro só me prova que até um texto sobre nada - e pode efectivamente ser sobre quase nada, já que as personagens são quase todas inventadas -, se for bem escrito, pode ser genial. Simpatizava com o articulista Cutileiro, respeitava o ensaísta Cutileiro, agora rendo-me ao escritor Cutileiro. Volto a dizer, sem pejo: há muito tempo que não lia crónicas tão boas.

A partir de hoje, vou deixando aqui uma pérola por dia, dos Bilhetes de Colares. Usufruam:

«Sou membro do Travellers e não sou membro do Turf ou do Jockey. Do Grémio também não, mas o Grémio não conta porque não é um clube. A função de um clube é excluir pessoas e ao Grémio pertence toda a gente: é uma parte do Chiado a que puseram tecto. Estive uma vez quase a entrar para o círculo Eça de Queiroz. O falecido Dr. Monteiro Grilo tinha prometido propor-me. Quando eu lhe citei, agradado, um amigo alentejano que dizia que o Eça era um janota do Porto, a proposta nunca mais veio.»

Sem comentários:

Enviar um comentário