02/06/10

Os suspeitos do costume


Ainda por aí muita gente com os pelos das costas arrepiados porque os israelitas «assassinaram barbaramente» dez activistas e outras frases feitas do género. E claro que dizem isto porque vivem confortavelmente na Europa, de rabo no sofá, torcendo de forma humanista pelos «coitadinhos» dos palestinianos. Mas, antes de tomarem posição pelos indefesos, há um conjunto de coisas que se devem ter em conta. Vejamos:

Perigos para Israel - Israel é um país que está sob constante bombardeamento, quer seja com rockets vindos sabe-se lá de onde, quer seja com bombas colocadas aleatoriamente em mercados bastante concorridos, quer seja com gente que se explode em autocarros.

Soldados imperfeitos - Israel pode ter a reputação de um treino altamente especializado e exigente, mas tem um serviço militar que funciona quase como serviço cívico. Os soldados não são homens insensíveis internados numa máquina de fazer soldados, mas sim cidadãos que vão rodando nas forças armadas ao mesmo tempo que recebem notícias de pais, irmãos, primos, filhos e amigos mortos em ataques bombistas e intifadas. Em que estado iriam vocês para confrontos destes? O ódio envolvido num encontro entre soldados e manifestantes, activistas ou civis agressivos (lembrem-se que eles atacaram os soldados, como pode ser visto num vídeo) é, provavelmente, inimaginável para um Europeu Ocidental.

Duas verdades - Por fim, há sempre duas verdades envolvidas nestes casos. Se o Governo de Israel podia ter evitado a abordagem dos barcos daquela forma? Podia. Mas eu sei lá quais as directivas para casos deste género. E, mais importante que tudo, eu sei lá todas as informações e suspeitas envolvidas aqui. Isto só me lembra um caso antigo, passado em 1770, nos Estados Unidos: o «Massacre de Boston». Nesse caso, tal como aqui, os «maus» provavelmente não fizeram mais do que o seu dever. E, arrisco até, com a atenuante da provocação que foi agredir os soldados ingleses em 1770 e que é ter navios estrangeiros entrando por águas territoriais israelitas em 2010.

Se querem culpar alguém, culpem todos. Culpem a situação. E não os «suspeitos do costume». Porque, se é verdade que o facto de Israel ser um Estado que tem mais poder e organização que a Autoridade Palestiniana, isso não faz deles os «maus da fita». É que se a fama fosse tudo, os turcos bem poderiam estar calados.

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