Na National Review, Kathryn Jean Lopez escreve sobre Kenneth Howell, o professor de religião Católica - no Departamento de Religião - da Universidade de Illinois, que foi recentemente readmitido no quadro de professores da universidade.
Howell tinha, alegadamente, referido que as leis naturais dos Católicos implicam uma moralidade. Moralidade essa que, por sua vez, delimitará um terreno em redor do qual determinados actos, aos olhos do jusnaturalismo, seram «ilegais». Coisa incompreensível para as luminárias do politicamente correcto, claro. Um aluno mais sensível à temática das «minorias sexuais» (sempre achei penoso ter de usar termos como «minorias» ou «maiorias») achou que o Professor Howell, ao referir que a lei natural, segundo o Catolicismo Romano, condenava a homossexualidade, estava a violar o dever de «tolerância» para com os outros, nomeadamente as «minorias sexuais». Como tal, não tinha lugar - bradavam a pés juntos - numa instituição que alberga a discussão e investigação científicas. A palavra foi passando para instâncias superiores e o Professor acabou na rua.
O crime? O Professor Kenneth Howell, como muitas vezes acontece, acreditava, de facto, no que ensinava. Ou seja, acreditava na moral antes das leis positivas. Coisa estranha: isto invalidaria que John Locke, por exemplo, pudesse alguma vez ensinar na Universidade do Illinois - ai de nós, ter um tipo destes nos quadros de professores! O crime maior? Howell é, de facto, Católico. E praticante. Compreende-se o ódio. Num mundo de dita «tolerância» levada ao extremo, o que resulta não é o relativismo da moral - que admite o valor relativo de cada moralidade ou cultura - mas a completa ausência de uma moral ancestral, partilhada por inumeráveis milhões de pessoas. A cultura do «civismo», da «cidadania» e da «tolerância» criaram um quadro moral que não é mais do que uma piscina vazia, com um fundo de cimento, da qual não se pode sair e na qual não há qualquer identificação ou familiaridade.
O que também não parece ter passado por aquelas cabeças vazias é que o Professor Howell, antes de mais, e sobretudo, é um académico. Um professor com responsabilidades e funções científicas e de divulgação e que, como tal, divulga o que outros já disseram ou o que o tempo deixou para ser estudado. Ponto. Nada mais interessa. E o que é ainda mais grave é que despediram - com rectificação mais tarde - um professor por ser professor. O facto de um professor de Religião estar a ensinar Religião também não parece ter feito comichão a ninguém.
A readmissão de Howell, se não é uma pequena vitória (que não é de todo) para o bom-senso, é, pelo menos, a mostra de que ainda há meia dúzia de gatos pingados que se esforçam pela manutenção da ligação às pessoas independentemente das suas crenças pessoais, ao invés da enorme legião de idiotas que diriamente batalham pela sua devoção ao mundo das ideias, independentemente das pessoas que tiverem de ser salvas e das que tiverem de ser sacrificadas.
Mais ainda, a readmissão de Howell mostra que a sociedade americana, com tudo o que tem de mau e contraditório, ainda é aquela em que mais se luta no espaço público pela pluralidade e pelo direito à liberdade expressão. Por oposição a Portugal, claro, onde ainda hoje Joaquim António de Aguiar, Presidente do Ministério dos tempos da Monarquia Constitucional, o «Mata-Frades», é louvado não pelas suas eventuais reformas políticas, mas precisamente pelas reformas que lhe deram esse mesmo nome: «Mata-Frades». Cada país tem o povo que merece. E, consequentemente, vice-versa.
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