Pela primeira vez na minha vida, fui, na última sexta-feira, a um restaurante de sushi, que abriu quase paredes meias com a minha casa. As expectativas eram poucas: peixe cru, ausência de talheres, meter sabores desconhecidos dentro da boca, fica no sítio de uma antiga tasca (não uma tasca «à antiga portuguesa», mas no sentido em que era mesmo um chavascal). Peguei no meu velho e fomos à aventura.
Já no restaurante, puseram-me um elástico à volta dos pauzinhos, que eu não sou o Miyagi, e apontei à balda para meia dúzia de doses. Uma certa vertigem de morte invadiu-me quando apontei para um foto em que um pedaço de peixe cru jazia inerte sobre uma bola de arroz. Lembrei-me dos alimentos de plástico, de brincar, da minha sobrinha. Lembrei-me dos miolos de macaco gelado do Indiana Jones e outros que tais. Fechei os olhos a apontei. Veio isso e outras coisas que nem sei se pedi. Parecia-me tudo igual. Na dúvida, e com o peito cheio de ar e de coragem, abri a boca e provei.
Admito: tornei-me fã. Não será a minha comida preferida, mas o sushi surpreendeu-me. Aliás, mais do que o sushi - peixe cru ou cozinhado enrolado ou em posições promiscuas com bolos de arroz -. o sashimi, que me ensinaram que afinal são coisas diferentes. O sashimi, que são simples fatias de peixe cru, é das coisas mais frescas que já comi, e que até ameaçou destronar o salmão fumado da minha lista de coisas estranhamente cozinhadas favoritas. Não sendo das iguarias mais saborosas (sublinho «sabor»), é no entanto das comidas mais viciantes no pico do Verão, que se recomenda que se regue com uma boa cerveja.
Para quem torcia o nariz com a ideia de comida crua, só tenho uma vénia a fazer.
P.S.- já agora, faço publicidade: é o Famafolia (não perguntem o que é que isto tem a ver com o Japão), na Avenida dos Combatentes, em Setúbal.
P.S.- já agora, faço publicidade: é o Famafolia (não perguntem o que é que isto tem a ver com o Japão), na Avenida dos Combatentes, em Setúbal.
Vá lá, já permitem outras pessoas colocarem comentários sem estarem alojados em sítios idiotas.
ResponderEliminarOh João, primeiro estranha-se e depois entranha-se. Pelo menos é o que dizem que eu ainda não sou assim muito fan.
Abraços
O Tiago é larilas.
É bom, é bom. E com a evolução da economia e dos preços do combustível, ainda acabamos a comer a comida crua, portanto mais vale habituar-me. Quanto antes.
ResponderEliminarQuanto ao Tiago, o ónus da prova está do lado dele.
Abraços.
Esta descrição faz-me lembrar a minha primeira vez... as mesmas reticencias, a mesma ironia fina antes da abordagem inicial o receio desconfortável de contrariar tudo o que tínhamos por garantido, gastronomicamente falando, e depois... a profusão de sabores, a explosão dos sentidos, como se tivesse a dar uma festa na boca e toda a gente estivesse convidada. Depois desse espaço de restauração se ter tornado famoso pelas sandes de sapateira, anoto a mudança de registo e fico tentado a voltar a um sítio onde já fui muitas vezes feliz....
ResponderEliminarA minha primeira vez, no que toca ao sushi, está ainda muito fresquinha; até porque foi hoje ao almoço. Tal como os restantes que aqui comentaram, também estava um bocado desconfiada, mas acabei por dar por mim a gostar daquilo. Realmente, peixe cru até é bastante bom... Quanto a mim, não se pode comer é em demasia, senão enjoa um bocado.
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