27/05/10

A minha greve pessoal

Pessoas amigas avisam-me que está planeada para daí a um dia uma greve geral das empresas de transportes públicos. Autocarros e comboios. Setúbal, aparentemente, inclui-se. A advertência é por isso amável, principalmente porque sabem que sou um utilizador habitual dos mesmos, sempre que preciso de me deslocar à capital. O que, apesar de tudo, tende a ser habitual. Para minha infelicidade. Não que eu não aprecie Lisboa. Ou, pelo menos, as livrarias de Lisboa. Não. O que eu não aprecio é a viagem necessária para chegar a Lisboa.

Mas eu disse infelicidade? Disse mal. O termo mais correcto para exprimir aquilo a que me sujeito, por vicissitudes necessárias da vida, é tragédia. Dramatizo? Talvez. Mas isso agora não é importante.

O importante é que, regra geral, procuro locomover-me o menos possível e nas melhores condições possíveis. Sendo que não possuo transporte próprio e pessoal – como, por exemplo, um jacto –, a coisa torna-se, obviamente, complicada. Viajei uma vez, por comboio, de Lisboa a Castelo Branco (ao Fundão, na verdade) em primeira classe. A viagem foi um mimo. O silêncio. O espaço. A paisagem. O silêncio. Foram três horas que ainda hoje gostaria de estar a viver. Óbvio que, recriar tal façanha numa viagem para Lisboa é tarefa inglória. Não há silêncio. Não há espaço. Não há paisagem. É uma hora que eu agradavelmente dispensaria.

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