16/08/10

Crescer



Ontem levei trabalho para casa. Saí do trabalho, meti-me em meia dúzia de transportes públicos e lá foi ele comigo.

Quando se é novo, a ideia de levar trabalho para casa limita-se ao medo de passar o fim-de-semana a fazer contas de dividir ou a preencher frases com formas verbais em inglês ou francês. Nada de mais? Errado. Na altura é um dos maiores medos de cada um de nós. O terror de perder a infância para a aritmética. O terror de, assim, nos podermos tornar num adulto parecido com o Guilherme d'Oliveira Martins. Quando se é miúdo, um fim-de-semana passado ao som dos TPC's não é fim-de-semana de todo. Aliás, é um pouco como ir a um jantar romântico com a Scarlett Johansson... e o marido dela.

Mas tudo piora quando se tem um trabalho. Quando se «é adulto». Quando se «tem responsabilidades». E o que é isto de ser adulto e ter responsabilidades? Fiquei a perceber, muito recentemente, e para além das hesitantes certezas que já tinha, que «ser adulto e ter responsabilidades» é levar trabalhos para casa. Sim, um pouco como quando se é miúdo. Mas pior. Em versão predatória e aterrorizante.

Ser adulto é levar para casa trabalho e problemas, sim... mas trabalho e problemas dos outros. Que os outros deveriam cumprir ou resolver, mas que a mim me caíram no colo. É a minha lição da semana passada.

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